Hoje ouvimos música de altíssima qualidade sem pagar quase nada por isso. Ah, sim, você faz download pela internet de musicas sem pagar nada? Não paga nada naquele momento, mas paga a conexão – se usa alguma rede pública, não se esqueça de que você paga impostos (qualquer outra forma ilícita de não pagar não será contemplada, portanto, se você rouba do seu vizinho, desculpe) –, comprou um computador ou “aluga” um e, principalmente, perde um tempo procurando até conseguir o inicio do recebimento (time is money!).
De posse dessa música extraordinária, imortal, que você quase não pagou nada, é hora de achar um lugar mágico para ouvi-la. Ao contrario de “antes” agora só os seus ouvidos não bastam. Lá vamos nós gastar dinheiro para adquirir um tocador de musica MP3 (a letra “m” não tem nada a ver com music!), que não é lá tão barato.
Agora sim, é possível escutar uma voz, ou várias, que um certo dia gravaram, junto com o som de instrumentos, e agora essas pessoas não existem mais, assim como esse momento que passou, e nós estamos ouvindo a música enquanto subimos um morro alto e nos deparamos com uma vista impressionante. E não falamos. Tudo que ouvimos vem dos fones em nossos ouvidos, pois não temos palavras para descrever o que estamos sentindo. Mas estamos juntos, compartilhando esse momento que é único, pois não volta. E a música imortal que soa em nossos ouvidos nos faz pensar que estamos sendo influenciados por ela, que na verdade o momento não é tão sensacional assim, muito menos único. Aí lembramos que isso é o que menos importa, e o que você está ouvindo também pertenceu a um outro momento único. Então, de certa forma, você (re)vive um momento único, junto com o momento único atual.